terça-feira, 21 de maio de 2013

EM RESPOSTA AO FALA RUA e ao FORUM CENTRO VIVO!



Caro Tião fiquei instigado a opinar sobre este texto! (texto no e-mail do grupo não vou reproduzir aqui)

Não para responder a esta “senhoura”! Mas para avançar no debate e esclarecer a militância!

Em primeiro lugar os profissionais e usuários do sistema de saúde mental que compõe por exemplo a Frente Antimanicomial tem trabalho permanente junto a CAPS, SECOS e Postos de Saúde. Nós usuários do sistema conhecemos muito bem o que significa uma internação involuntária, que em ultima instancia leva as mesmas conseqüências de uma internação compulsória a qual lutamos contra!

O ocorrido no CRATOD foi o desmonte de um sistema de atendimento a sofredores psíquicos para dar conta de uma demanda que deve ser analizada mais profundamente! Ou seja desvestir um santo para vestir outro como anos atrás nosso companheiro Padre Júlio se referiu ao fechamento de um albergue para a implantação da unidade da FEBEM do Brás – onde os direitos humanos hoje passam longe!

Com certeza nessecitamos de mais leitos hospitalares! O tratamento de dependentes químicos é muito doloroso e complicado. Há a necessidade de um acolhimento ninguém questiona! Mas devemos entender que esta é uma doença como outras tantas que nós afetam individualmente e coletivamente. A lei de Paulo Delgado prevê o fechamento dos Manicômios e a gradativa abertura de vagas em hospitais gerais para pacientes psiquiátricos. Outrora a Lepra e A tuberculose eram tão estigmatizadas como hoje é o uso do Crack! (Para entender o uso dos leprosários transformados em manicômios leia história da loucura de Michael Foucault). Isolar só serve ao aumento do preconceito. Diria que o mesmo pode ser apontado ao Povo da Rua, ele não quer mais albergue, mas moradia digna. O que a politica do Estado fez foi fechar as poucas clinicas que existiam nos hospitais gerais!

Tenho no meu corpo as marcas do absurdo de se internar em manicômio. Estava internado e com uma erisipela, o médico não autorizou que eu fizesse exames fora do hospital Não fui tratado! Tenho hoje uma perna mais grossa que a outra. Se estivesse em hospital geral com médicos de varias especialidades isto não ocorreria. Um usuario frequente de Crack tem sua saude afetada como um todo. Estas comunidades ou os manicomios não vão tratar delas. A medicina quando há é fraguimentada e mal feita!

Dêem uma olhada no site do Conselho Federal de Psicologia e vejam que as comunidades terapêuticas são ainda piores que os Manicômios! Tudo foi estudado, analisado em documento entregue ao ministério publico!

O alarde sobre o mal do século “o crack” veiculado pela grande mídia tem motivações de especulação imobiliária e de privatização do Sistema Único de Saúde!  Não podemos criar mais estigma por quem é acometido por esta doença!

Quanto a tratar isoladamente não adianta de nada. Pois um dia o cidadão vai voltar a conviver em ambientes onde se consome subistancias intorpecentes. Tratar com a saúde da familia, consultorio de rua ou em hospital dia é a unica forma de fortalecer o sujeito para se livrar do vicio. Medida de isolar é afastar do problema, só dão certos os casos em que o paciente vai viver nas comunidades como monitor e se afasta da droga artificialmente. Qual o custo disto? A quem interessa a exploração deste trabalhador?

Paulo de Tarso
Paciente Psiquiátrico
Saudações Libertarias e Socialistas

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